segunda-feira, abril 03, 2006

Celular

Sentada a caminho do trabalho eu o observo, também sentado à minha frente. Ele tem uma expressão séria e preocupada no rosto. Contempla, sem piscar, a tela do celular que ele segura aberto em sua mão direita. Aperta alguns botões de tempos e tempos e continua observando, como se esperasse por uma ligação. Fecha o celular e dá um suspiro. Hesita por alguns instantes e volta a abrir o celular e a observar a tela.

De repente, começa a discar freneticamente. Leva o telefone ao ouvido, a mão esquerda apoiada sobre a perna. No rosto, um ar de ansiedade se mistura à preocupação de antes. Quase um segundo depois ele desiste da ligação e torna a fechar o telefone. Passa a contemplar o chão, pensativo.

Segundos depois, o telefone toca. Ele o abre e o leva à orelha. Não dá pra ouvir o que ele diz, mas vê-se que ainda mantém a expressão preocupada no rosto enquanto fala. Gesticula como se o outro ao telefone pudesse vê-lo e entendê-lo melhor.

Mas a ligação é interrompida. A mulher levanta e os pés do menino em seus 5, 6 anos de idade alcançam o chão ao deixar o colo da mãe. Ele fecha o telefone celular e coloca no bolso do casaquinho. A preocupação no rosto some instantaneamente e ele desce do metrô sorridente.

Essas crianças de hoje em dia...

Um comentário:

Anônimo disse...

e ela prova que redatores não escrevem ;) chêro grande e parabéns pelos posts.